Ano 12 Nº 050/2024 – O POTE DE VAGA-LUMES CONTEMPORÂNEO
Por A.D’ÒSÙN.
Nesta jornada de transição de carreira vamos encontrando alguns anjos pelo
caminho. Um deles me presenteou com um curso top de linha de social media, ou seja,
cuidar das redes sociais. O curso realmente é muito bom, ensina desde a gestão de
recursos até a criação de conteúdo.
Enquanto eu vou desbravando os módulos do curso, vou refletindo em como a
nossa vida se tronou líquida, ou seja, não existem mais fronteiras, o longe e o perto é
muito relativo. É realmente possível uma pessoa estar sentada ao nosso lado, porém
estar mais conectada com alguém de outro país do que conosco que estamos na cadeira
do lado. Vejo neste fator dois lados de uma mesma moeda, por um lado é bom pois nos
permite trocar experiências com pessoas e culturas das quais não teríamos a
possibilidade se não fosse esse recurso digital.
Por outro lado, se usado sem moderação pode afastar famílias, laços sanguíneos
que podem estar dividindo o mesmo sofá ou até a mesma cama com ligações
emocionais e até afetivas com pessoas do outro lado de uma tela de cristal, quadradinha
e regida por centena de algoritmos. Me pego refletindo para além disso, no futuro ao
invés de paleontólogos para escavarem sobre como vivíamos, vão ser contratados
engenheiros da computação para escavar a pilha de algoritmos, bits e bytes em busca da
história de um indivíduo.
Nossa trajetória pela terra será contada através das nossas interações
cibernéticas, nossos gostos através dos nossos históricos de compras pela internet.
Certamente nossa vida digital é apenas um recorte de nossa identidade, para alguns até
um “eu” idealizado, onde se repinta as partes feias e vende tudo por mais do que vale
realmente. Talvez no futuro o social media, seja o médico, o psicólogo, o líder espiritual
de uma nação.
Quero deixar registrado aqui que não estou tecendo crítica negativa sobre esta
modernidade, jamais – inclusive acho incrível tudo isso, ver as coisas acontecerem e se
transformarem dentro de uma tela como num passe de mágica. Porém o ser humano que opera as máquinas nunca pode perder as suas pulsações humanas. Por mais que
tenhamos uma vida no simulacro, no digital, sempre vamos precisar de abraços, de
beijos e de calor humano. Acredito que para a tecnologia serve o mesmo pensamento do
bisturi cirúrgico, em mãos certas salva vidas, em mãos erradas pode destruir.
Como um pote cheio de vaga lumes, é um universo reduzido, cheio de vida,
potência e que ilumina o caminho sem sufocar os animaizinhos lá dentro, assim que o
caminho for percorrido eles voltam a natureza novamente, assim seja a nossa interação
com o digital. Que sejamos sábios e equilibrados para regermos nossa vida no mundo
real e no digital. E para a querida amiga que me deu este lindo presente (oportunidade),
minha gratidão.
Sou mulher, negra, de religião de matriz africana, entusiasta em tecnologia, admiradora da filosofia e por aqui podem me chamar de A.D’ÒSÙN.