Ano 12 Nº 027/2024 – O Dia das Mães
Por Ana Paula Fontoura Pinto
No mês de maio, comemoramos o Dia das Mães. Vocês sabem o porquê?
Tudo começou em 1858, quando a ativista americana Ann Maria Reevs Jarvis fundou o Mother’s
Days Clubs com o objetivo diminuir a mortalidade infantil entre os filhos de pais trabalhadores. Em seguida, em 1865, a mesma criou o Mother’s Friendship Days (Dia de amizade entre mães) com o objetivo de melhorar as condições dos soldados feridos na Guerra da Sucessão.
Fonte: https://abrir.link/Uteup
Em 1870, a escritora Julia Ward Howe publicou o manifesto Mother’s Day Proclamation pedindo paz e desarmamento após a guerra.
A idealizadora da data que comemoramos hoje é a filha de Ann Maria Reevs, a metodista Ann Jarvis. Após dois anos da morte de sua mãe, em 12 de maio de 1907, Ann Jarvis construiu um memorial em homenagem à ativista e iniciou uma campanha para que o Dia das Mães fosse um feriado reconhecido. Com o sucesso obtido, o dia entrou no calendário de feriados americanos sendo comemorado pela primeira vez dia 9 de maio de 1914. No Brasil, a data entrou no calendário em 5 de maio de 1932, durante o governo Getúlio Vargas.
Ann Jarvis desistiu do movimento quando esta data se tornou uma das datas mais lucrativas para o comércio. Mais uma data com tantos significados foi esvaziada pela ganância dos que obtêm o capital.
Infelizmente, esvaziamos temas como o Dia das Mães, que foi baseado em atos altruístas, e continuamos esvaziando quando não aprofundamos a discussão sobre os desafios da maternidade. Idealizamos o sujeito mãe como uma mulher perfeita, que não pode errar, que não pode reclamar da rotina do lar, uma vez que o trabalho mais pesado é o de dona de casa e que infelizmente não é valorizado.
Fonte: https://abrir.link/veJNI
A desigualdade no mercado de trabalho é ainda maior entre as mulheres que são mães, pois a primeira coisa que colocam como empecilho ao contratar as mulheres são geralmente os filhos.
Não seria mais fácil construir creches nas empresas para mulheres que são mães?
E ainda existe uma estatística que faz repensarmos o quanto o machismo é destruidor na vida das mulheres. Falo sobre aquelas mulheres que engravidam e o parceiro finge que esquece que um dia se relacionou com elas sem proteção. Na maior cara de pau, ele culpa a mulher pela gravidez indesejada e resolve sumir do mapa. Essas mulheres têm duas escolhas: ou abortam e cedem à pressão dos sem-vergonhas ou vão até o fim e criam o filho sozinha.
Costumam-nos chamar de mães solteiras.
No Brasil, segundo a Fundação Getúlio Vargas, cerca de 11 milhões de mães criam seus filhos sozinhas sendo que, na última década, o país ganhou mais 1,7 milhão de mães solo. A mesma pesquisa relata que entre 2012 e 2022, 90% destas mulheres são negras.
Meu filho nasceu em 2016. Sou estatística.
Decidi ir até o fim e criar o meu menino sozinha. Mas isso não quer dizer que não tenha cedido a pressão e optado pelo aborto, mas pela força divina deu tudo errado. Já tinha entendido que já era a hora de eu ser mãe. Então segui minha vida em paz.
Foi a melhor coisa que aconteceu!
Mas no início foi um choque quando descobri a gravidez. Entrei em desespero, pois havia seis meses que minha avó materna tinha falecido e estávamos, minha mãe e eu, em grandes dificuldades financeiras. Eu sou uma das mulheres cujo filho não tem o nome do pai na certidão de nascimento, pois ele não quis esta responsabilidade e eu sim.
Tive o privilégio de ter uma rede de apoio que é a minha mãe, que desde o início aceitou estar comigo nesta nova fase da minha vida e cria o João como se seu filho fosse (ela pensou que não fôssemos capazes de criar uma criança sozinha sem a figura masculina: o João está com 7 anos).
Assim, consigo trabalhar e sustentar a casa.
Na minha concepção, a vida já começa desde o começo da gestação. No entanto, nem todas as mulheres pensam da mesma forma que eu e irão realizar o aborto de qualquer maneira. E eu não sou capaz de julgá-las, uma vez que nem todas as mulheres estão dispostas a deixar toda uma vida de sonhos e planos para cuidar de um ser humano que necessitará de cuidados por décadas e isso vai fazer com que muitas coisas sejam postergadas sim. E quando o parceiro não quer assumir o filho, nós mulheres nos vemos desamparadas e a única coisa que passa pela nossa cabeça é como sair daquela situação. E ás vezes o aborto em clínicas clandestinas é a solução “mais acertada”.
Ainda tem aquelas mães que mesmo casadas criam os filhos sozinhas sem a ajuda dos companheiros na divisão das tarefas. Isso acontece porque somos socialmente levadas a acreditar que criar filhos é função somente da mulher como se ela tivesse os feito sozinha.
Vale lembrar que naquela hora de fazer os filhos TODO MUNDO GOSTA.
PORTANTO, MAIS PAZ E MENOS HIPOCRISIA!
Gostaria de finalizar este texto, desejando a todas as mães um Feliz dia das Mães e que Iemanjá, Nanã, Oxum e Iansã possam nos abençoar nesta fase da vida, que passa rápido e da qual um dia sentiremos falta.
Sentiremos saudades da bagunça; dos gritos; dos beijos; do estresse para mandar tomar banho e jantar; dos mini infartos; dos sustos; daquele silêncio ensurdecedor que só as mães sabem.
“ Não existe mãe solteira. Mãe não é estado civil”! (Papa Francisco)
AXÉ!
Referências
Acontece. com. Empresas oferecem creches no local de trabalho para atrair funcionários. Disponível no link: https://acontece.com/empresas-oferecem-creches-no-local-de-trabalho-para-atrair-funcionarios/. Acesso em 10 mai. 2024
G1- Portal de notícias da Globo. Bom Dia Brasil. Brasil tem mais de 11 milhões de mães que criam os filhos sozinhas. Disponível no link: https://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2023/05/12/brasil-tem-mais-de-11-milhoes-de-maes-que-criam-os-filhos-sozinhas.ghtml. Acesso em 09 mai. 2024
Pixabay. Disponível no link: https://pixabay.com/pt/. Acesso em 09 mai. 2024
Estudante do quarto semestre do curso de Mestrado Acadêmico em Ensino pela UNIPAMPA – Campus Bagé.