Ano 07 nº 042/2019 – A saúde mental nas universidades
Por Willians Barbosa
A comunidade acadêmica está em constante transformação. Seu ambiente em nada se parece com 20, 10 ou até 5 anos atrás. Fenômenos sociais são, ao mesmo tempo, causa e efeito deste movimento. Mudam-se as premissas, as mentalidades, as condições de produção, muda-se quem passa a ter acesso à Universidade, muda-se as responsabilidades dos professores. Como tudo hoje em dia, é um ambiente líquido.
Esta liquidez ainda consterna muita gente em nossa sociedade que, de uma hora para outra, começa a se sentir perdido, sem nada sólido nas mãos. Pode ser por causa das incertezas do mercado, por falta de incentivo à educação, à ciência, ao desenvolvimento pessoal, por falta de perspectiva de um futuro profissional. Esta sensação, como também a depressão, a ansiedade e tantos outros distúrbios da mente, são frutos de nosso tempo.
Em relação ao ambiente acadêmico, soma-se atributos que contribuem para uma saúde mental conturbada. São o abuso de drogas, a competitividade, a estigmatização de minorias, além da pressão dos prazos curtos para entrega de projetos, que entram em cena como adversários ao organismo humano. O fato é que o jovem não é preparado psicologicamente ao ambiente acadêmico, derivado de toda uma vida escolar deficitária.
Divulgada em 2016, pela Associação Nacional dos Dirigente das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), uma pesquisa mostrou que de dez, sete estudantes de universidades federais enfrentam problemas psicológicos ou emocionais. O problema, não só do Brasil, se estende para outros países e para pós-graduandos, mestrandos e doutorandos, que têm seis vezes mais chance de sofrer ansiedade do que a sociedade em geral.
A série da Netflix, 13 Reasons Why, inspirada no livro de mesmo nome, de Jay Asher, retrata o problema e focaliza um ponto que passa a ser cada vez mais motivo de preocupação dos educadores: o suicídio. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio, além de gerar 800 mil mortes por ano no mundo, é a segunda maior causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos.
Vale sempre lembrar que, para quem necessita, existe o serviço de Centro de Valorização da Vida (CVV), que funciona gratuitamente pelo número 188, pelo site e chat, 24 horas por dia.