Ano 12 Nº 042/2024 – A Jornada de Maria

Por Adriana Reis

Texto produzido como atividade do componente curricular Letramento Digital, ministrado pela professora Clara Zeni Camargo Dornelles, no curso de Letras EaD da Unipampa em 2022.

Capítulo I

Maria era uma mulher de meia idade, tinha uma vida muito agitada e todo dia acordava cedo para poder dar conta das tarefas de casa e ir para o seu trabalho. Maria possuía um Rosário de pedras negras que havia pertencido a seus ancestrais que, no decorrer do tempo, foi sendo passado de pais para filhos, de geração para geração. 

O Rosário havia pertencido à sua avó materna que deixou sob os cuidados de sua mãe. Quando Maria saiu de casa, deixando sua cidade de origem, para tentar a vida na cidade grande, sua mãe lhe presenteou com o belo e poderoso Rosário de contas negras e brilhantes que, segundo a história contada por sua mãe, carregava consigo o poder de unir as forças de todos os antepassados. Quando Maria recebeu o Rosário percebeu que não estava sozinha, que o objeto místico e único trazia consigo o poder do seu mundo de origem. 

Maria, contudo, seguia sua vida na cidade grande, mas estava determinada a entender o propósito e a importância das contas negras do Rosário, pois ficava muito intrigada com a força e o poder que sentia dentro de si quando estava com o Rosário em suas mãos recitando as orações. Por causa disso, Maria embarca em uma jornada para encontrar respostas sobre o misterioso objeto. 

Maria submerge em uma jornada pessoal para entender a verdade por trás das contas viventes do Rosário. Conseguindo tirar umas folgas do seu trabalho, vai em busca de respostas sobre a vida de seus ancestrais; aquela vida que pulsava dentro de si, que lhe arrendava forças e sabedoria em seus dias na terra. Viaja, então, para lugares distantes, consulta livros antigos, conversa com pessoas mais velhas e sábias para aprender e compreender de onde vem aquele poder singular.

Durante essa jornada, seu papel é de guardiã das contas vivas, além de ser protegida pelo rosário, ela abraça a grandiosa missão de ser farol de esperança para si e para os outros. Ela vai descobrindo que as contas do rosário também guardam seus sonhos que estavam perdidos e adormecidos. Essa jornada ajuda Maria a reacender sua chama interior que estava apagada. 

Dessa forma, Maria conhece Stefani. As duas fazem amizade e se tornam companheiras de viagem. Maria acredita demais no ser humano, aprendeu a descobrir as pessoas, a perceber que elas são reais e através da força de suas rezas, aprendeu a ter empatia por cada humano. Stefani não se apresenta apenas como sua amiga, mas é atraída pelo mesmo propósito. As duas se conectam e se fortalecem mutuamente, encontrando coragem para lutar lado a lado, compartilhando suas próprias batalhas que foram perdidas. Juntas elas se sobrepõem aos obstáculos ao longo do caminho e precisam superar suas diferenças, aprender a trabalhar em equipe, pois já vislumbram que a batalha para proteger o rosário será épica. 

Maria consegue enxergar através das contas do Rosário coisas desconhecidas, ela consegue compreender a personalidade das pessoas, ela traz para sua reza todos os acontecimentos da sua vida e da vida de seus amigos, e assim, ela descobrira a realidade de tudo o que estava a sua volta. 

Maria e Stefani descobrem que cada conta do Rosário lhe atribui uma habilidade especial e que cada Padre-Nosso e Ave-Maria que elas recitavam nas contas do Rosário se transformavam em potentes armas, outras vezes em meio de comunicação com o divino, em dispositivos de cura, em fonte de sabedoria que parecia que estavam pulsando com vida própria. Assim, Maria compreendeu que o Rosário possuía milhares de rezas antigas que estavam ligadas a algum elemento de poder da natureza. 

A conexão entre o rosário, Maria e Stefani ativa um evento ainda mais misterioso: um homem sombrio se aproxima delas com curiosidade sobre a força que elas emanam. Ao perceber suas habilidades, ele tenta roubar o rosário, mas ainda sem conhecer o poder coletivo que elas representam. 

Maria percebe que forças do mal estão ao seu redor. As duas usam o poder combinado do rosário. É nesse momento que Maria compreende que Stefani é parte de si e parte da sua jornada e que deveriam lutar juntas. São como heroínas agora, com uma única missão. Enquanto a entidade maligna tenta coletar a relíquia, elas se unem para tentar conter as ameaças usando as habilidades das contas mágicas do rosário para combater o mal.

Esse, ainda não é o desafio final, os mistérios do rosário ainda não foram totalmente desvendados, mas as duas heroínas abriram o caminho para a verdadeira transformação que os desafios da jornada lhe mostraram; com os conhecimentos adquiridos, de que a jornada não era sobre o poder, mas sobre conhecer a si mesmas e transmutar-se diante de suas realidades para abraçar sua verdadeira identidade e tornar-se protagonista de sua própria história, prontas para enfrentar o mundo.

Escrito a partir do poema “Meu Rosário”, de Conceição Evaristo.

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