Ano 11 Nº 033/2023 – 3 poemas sobre cidade
Por Giana Guterres
barcos são frágeis
branco gelo iceberg boom!
ao mesmo tempo
cheios de infância
se feitos de papel
se o poema brincasse
a rua navegava
como um barco
a cidade
como
brincadeira de criança
uma bola quicando de um lado ao outro da rua.
- habitar a cidade como um barco de papel atravessando o mapa urbano
***
abrir o poema
como se abre uma janela pela manhã
andar sobre o poema
como quem pisa os pés na cidade
se jogar no poema
como quem se lança ao abismo
mergulhar no poema
como quem encosta os pés no oceano
tocar cada poema
como se fosse sempre a primeira vez.
- é proibida a entrada neste poema por quem não sabe ler um poema
***
sempre há algo de eternidade no amor
na forma como se dobra um lençol
como se abre um livro naquela página
na estratégia da flor para espalhar o pólen
nas calçadas da cidade enquanto caminhamos
e até na composição da terra que suporta nossos passos
o dia transcorre sem se preocupar com quem passa
a eternidade transcorre como se suportasse todo a leveza do amor
eternidade essa palpável
de quando as nossas mãos se encontram
teu olhar distraído me percebe em cada movimento
eu me entrego ao teu abraço
como quem abraça uma vida inteira.
Giana é escritora e produtora cultural, mestre em Comunicação pela UFPR. É autora de Eu, Passarinho, Como eu sobrevivi quando você trouxe o inverno para dentro de mim e editora da Revista Marcela. Também é idealizadora da Ocupação Literária, mediadora do Clube de Leitura Leia Mulheres e professora de escrita, criação cênica e produção cultural no Piano Studio Cheisa Goulart.