Ano 13 Nº 03/2025 Racismo esportivo
Por: Andréa de Carvalho Pereira
Fonte: G1 (2025).
Vivenciamos tantas conquistas e a evolução parece tão natural que nos depararmos com casos de racismo tão explícitos, é como se fosse uma “piada” de extremo mau gosto. Não é mais admissível naturalizar termos como “macaco”, e gestos que remetem o desrespeito social enraizado não apenas no Brasil, mas mundo afora.
Um caso que ocorreu a pouco, com jogadores brasileiros, desrespeitados em um campeonato de nível internacional, nos leva a refletir, o que mais está faltando para que não se repitam episódios lamentáveis como esse.
O posicionamento do jogador Luighi, do Clube Palmeiras, na disputa pela Libertadores SUB-20, no Paraguai, pelo clube Cerro Porteño, é uma demonstração do quanto ainda é necessário não tão somente enquanto sociedade, mas também enquanto representantes seja de clubes esportivos.
O jogador não foi o único desrespeitado, mas se posicionou de forma efetiva, para que mais uma vez não fosse ignorado, ou desconsiderada a gravidade do que aconteceu naquela partida. Apesar de ter ocorrido fora do país, aqui mesmo no Brasil, há inúmeros casos idênticos ou até mesmo piores.
De acordo com Souza (2021):
Casos de atitudes de ódio motivadas pelo preconceito racial são rotina em muitas localidades. O que historicamente deveria ter ficado no passado, com a abolição da escravatura, ressurge com força cada vez maior atualmente. O racismo é um problema estrutural da sociedade brasileira e se engana quem acha que a educação tem sido suficiente para mitigar o preconceito. A polarização da vida social brasileira nos últimos tempos trouxe à tona a manifestação do racismo em sua forma mais cruel.
Infelizmente ele não foi o único, e não será o último a passar por esse constrangimento e humilhação. Já passou da hora de haver um posicionamento coletivo. São inexpressivas as ações de combate ao racismo esportivo, pois ainda são vistos como casos isolados, e não são. Atletas como Vini Junior, Lughi, Aranha, Marcelo, dentre tantos atletas de todas as modalidades tem se manifestado contra o que sofrem enquanto estão representando seus clubes, inclusive o nosso país, e ainda não vemos resultados efetivos de combate ao racismo esportivo e estrutural que vivenciamos no cotidiano.
Medidas brandas e paliativas não trazem o resultado esperado, tanto por quem foi desrespeitado, como para a sociedade, no sentido de tolher esse tipo de postura inaceitável.
Há craques reconhecidamente talentosos, que se destacam no esporte, não apenas no futebol, apesar da visibilidade e grande proporção,não são tratados de forma diferente quando falamos em racismo esportivo.
Apesar da atitude vil de quem agride, ainda é muito inexpressiva a postura dos clubes, e da própria sociedade, independente do tipo de modalidade. Até quando iremos nos prostrar frente a esse cenário. Somente um posicionamento expressivo, pode alterar essa realidade, considerando que enquanto a dor do outro não nos afetar, nenhuma mudança real poderá ser identificada.
Há muita informação disponível e ainda infelizmente pouca vontade de mudar. Não dá mais para considerar uma mera “brincadeira” o que machuca o/a outro/a e faz com que se sinta desrespeitado/a. Já passou da hora de uma real mudança de comportamento e punição para quem comete crimes raciais em qualquer âmbito.
Enquanto essa postura de ignorar e considerar “piada” atos de discriminação for mantida, cada vez mais atletas se sentirão “desamparados” no que tange o respeito merecido, não só como esportista, mas também como cidadãs e cidadãos.
Referências:
RODRIGUES, Raphael Silva. A ferida aberta : o racismo no esporte e a luta por um futuro sem discriminação. Diário de Minas. Minas Gerais: Diário de Minas, 2025. Disponível em: A Ferida Aberta: O Racismo no Esporte e a Luta por um Futuro Sem Discriminação – Diário de Minas. Acesso em: 11 mar. 2025.
SOUZA, Fernanda Letícia de. A triste realidade do preconceito racial nos esportes. [ S. l.]: UNINTER, 2021. Disponível em: A triste realidade do preconceito racial nos esportes | UNINTER NOTÍCIAS. Acesso em: 18 mar. 2025.
Andréa de Carvalho Pereira Graduada em Administração de Empresas pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG (2001). Graduada em Biblioteconomia pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande- FURG (2006). Pós-Graduada com Especializações em: Gestão em Arquivos pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM (2011) e Rio Grande do Sul: Sociedade, Política e Cultura pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG (2011). Bibliotecária do Campus Bagé da Universidade Federal do Pampa. Ex-Coordenadora do Neabi Oliveira Silveira – Unipampa, Campus Bagé. Mestra em Ensino pela Universidade Federal do Pampa – Unipampa, Campus Bagé (2021). Colaboradora Projeto Feira de Ciências. Membro da Comissão de Heteroidentificação Campus Bagé. Integrante do Grupo Dandaras/Bagé.