Ano 12 Nº 048/2024 – Coisas indefinidas que só o cinema proporciona

Por Flávia Azambuja

FICHA TÉCNICA

Título original:

Las cosas indefinidas

Fecha de estreno:

2 de mayo, 2024

Año:

2024

País:

Argentina

Dirección:

María Aparicio

Elenco:

Eva Bianco, Ramiro Sonzini, Pablo Limarzi, Vera Aparicio

Género:

Drama

Distribuidora:

INDEPENDIENTE

Amo cinema, procuro ir ao cinema pelo menos uma vez ao mês. E normalmente, vou só pra desfrutar ou no máximo para acompanhar alguém que amo para que essa pessoa desfrute. Dessa vez, não foi diferente ou foi. Não me entendam mal, amo meus alunos, mas é muito diferente ir ao cinema acompanhada por eles, é difícil desfrutar quando há quase 30 adolescentes aos teus cuidados. Há uma tensão no ar, uma responsabilidade que, em geral, não é um sentimento comum no cinema, pelo menos não pra mim. Tensão essa, que se dissipou completamente quando o filme começou. Minha atenção foi  capturada pela tela. E olha, que nem tava num lugar confortável. Meus alunos, visivelmente inexperientes frequentadores de cinema, escolheram sentar logo na primeira fileira. O pescoço doeu um pouco, mas valeu a pena ver bem de pertinho a fotografia e a interpretação primorosa de Eva Bianco no filme Las cosas indefinidas.

Filme argentino de 2023, dirigido por Maria Aparício, filme de uma sensibilidade, de uma delicadeza feminina. O filme trata da história de uma editora de filmes, que está passando por um momento difícil e parece que nada mais faz sentido. Nem na vida nem no trabalho. Até ser tocada pela delicadeza de um dos filmes que edita. Talvez delicado demais para que aos 14 anos, meus alunos percebam as sutilezas de se estar sem perspectiva. Adolescentes tão cheio de vida, por isso gosto tanto deles, me enchem de vida também. Eles/elas são o filme que me toca. 

Por ser um metafilme, um filme que trata sobre a construção de um filme e como isso permeia a vida dos personagens, especialmente da protagonista, Eva, não é um filme simples, um filme fácil, um filme que estejamos acostumados a ver, mas justamente aí reside sua beleza. E sinto que é meu papel como professora, apresentar filmes que os alunos não teriam acesso se não por meio da escola. Esse é o caso de Las cosas indefinidas. Um filme sensível que me tocou profundamente, que me fez pensar em mim, nos meus alunos, em pessoas cegas. Mas me fez pensar, principalmente, que todas as pessoas estão enfrentando batalhas que muitas vezes nem imaginamos. Que possamos ser sensíveis uns com os outros, assim como Las cosas indefinidas foi no tratamento de temática tão delicada. 

Texto incluso no dossiê do XV Festival Internacional de Cinema da Fronteira. Confira: Festival Internacional de Cinema da Fronteira, fazer para existir

Flávia é mestra em Ensino de Línguas, inquieta, otimista assumida, co-coordenadora do Lab. Interessada em aprender com tudo e todos.

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