Ano 13 Nº 78/2025 Tudo, tudo, tudo que nóis tem é nóis.

Mauricio Nunes Macedo de Carvalho

Vitória Vasconcellos da Luz

“Tudo, tudo, tudo que nóis tem é nóis.” O refrão da música Principia, do rapper Emicida, embalou nosso ano de 2025. A frase, que integra o álbum Amarelo, foi escolhida para estampar o painel exposto durante todo o mês de novembro no hall de entrada do Campus Bagé.

Na canção, Emicida mistura vozes do candomblé, do catolicismo popular e do protestantismo para celebrar a diversidade religiosa brasileira e propor a espiritualidade como caminho para a coletividade. O título faz referência à obra de Newton, lembrando que, assim como as leis físicas regem o universo, a solidariedade e as relações humanas também podem transformar a sociedade. Nos versos “Todo mundo é um” e no refrão repetido, a filosofia Ubuntu aparece como convite à empatia e à construção coletiva.

Ao longo de 2025, nós do NEABI Oliveira Silveira desenvolvemos diversas ações que reafirmam nosso compromisso com a coletividade e o combate ao racismo, inspirados por essa mensagem.

Começamos o ano com a entrega de roupas e alimentos não perecíveis à Comunidade Indígena do Horto Municipal. Essa iniciativa só se tornou viável devido às doações da comunidade universitária, do PET Letras e da Reitoria.

Visitamos a UERGS e a Escola Estadual Dr. Luiz Mércio Teixeira, divulgando os cursos da UNIPAMPA e debatendo a importância das ações afirmativas para reduzir desigualdades sociais.

Estivemos em várias atividades do Campus Bagé: a Barraca do NEABI nas Festas Julinas, o estande na Feira das Profissões e na Feira do Livro Municipal, onde rolou a roda de conversa Estrelas Negras com o professor Dr. Alan Brito.

As rodas de conversa foram momentos especiais. No Clube Zíngaros, falamos sobre religiosidade afro-brasileira; no Campus Bagé, mergulhamos na literatura de batuque e terreiros; cada encontro foi aprendizado e troca verdadeira de conhecimentos e experiências pessoais.

O CINE NEABI teve três edições, que abordaram racismo e exclusão social, seja por meio de histórias reais, seja pela linguagem musical e artística.

Nunca publicamos tanto, reafirmando o compromisso do NEABI com a produção de conhecimento antirracista: foram 11 artigos no JUNIPAMPA, além da participação no COPENE Sul, em Santa Maria, e no SIEPE, onde apresentamos pesquisas e realizamos uma enquete sobre termos racistas presentes no cotidiano.

Encerramos o ano com uma vitória histórica: a conquista de uma sala própria para o NEABI, demanda antiga desde 2016. Essa realização só foi possível graças ao esforço coletivo de todos que passaram pelo núcleo e ao apoio institucional da Direção do Campus Bagé, da Divisão de Ações Afirmativas e da PROCADI.

Um agradecimento especial aos bolsistas Kallebe Caravaca e Simon Vieira, que se dedicaram à organização e promoção das ações. Que o empenho deles inspire outros estudantes e servidores a se juntar a nós em 2026.

A música de Emicida nos lembra que, mesmo diante das dificuldades, é na união, no afeto e no cuidado coletivo que encontramos força para seguir. Essa mensagem de esperança e acolhimento continuará nos guiando em 2026, reafirmando que a transformação só é possível quando caminhamos juntos. Porque, afinal, tudo, tudo, tudo que nóis tem é nóis.

Música: Principia

Álbum: Amarelo (2019)

Autores

Mauricio Nunes Macedo de Carvalho – Professor no Bacharelado em Engenharia da Produção (UNIPAMPA); Graduado em Engenharia Elétrica (UFSM), Mestre em Engenharia da Produção (UFSM); Doutor em Engenharia da Produção e Sistemas (UNISINOS); Membro do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Coordenador do NEABI Oliveira Silveira (UNIPAMPA), Coordenador da Comissão de Avaliação Docente de Estágios Probatórios (UNIPAMPA). Coordenador do Comitê de Apoio Técnico  Equidade (CAT-Equidade UNIPAMPA). Coordenador de Tutoria do Curso de Extensão, Formação para docência e gestão para educação das relações étnico-raciais e quilombolas (UAB-UNIPAMPA). 

Vitória Vasconcellos da Luz  – Egressa do curso Técnico Integrado em Informática no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Sul-Riograndense, do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas ambos no IFSul, Câmpus Bagé. Especialista em informática da educação e educação especial pela FACIBA. Mestre em ensino pela Universidade Federal do Pampa. Realiza pesquisas nas áreas de ações afirmativas, inclusão e acessibilidade. É voluntária na Associação Bajeense de Pessoas com Deficiência (ABADEF). Coordenadora Adjunta do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI – Oliveira Silveira) e do Grupo de Pesquisas INCLUSIVE ambos da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) do Campus Bagé. É técnica administrativa em educação na Unipampa onde atuou na Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação – DTIC e, atualmente, é Assessora de Tecnologia, Comunicação e Acessibilidade na Pró-Reitoria de Comunidades, Ações Afirmativas, Diversidade e Inclusão – PROCADI

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