Ano 13 Nº 50/2025 Clube do livro – do sonho à realidade

Por: Flavia Azambuja

Ter um clube de leitura na Escola Municipal Dr. João Severiano da Fonseca sempre foi um sonho, mas um sonho que parecia distante, visto que há poucas obras com um número de exemplares suficiente para se trabalhar com uma turma. O trabalho com a leitura literária sempre aconteceu, mas sem nunca ter a oportunidade de todos os alunos lerem a mesma obra.

Com a chegada do Pibid, essa perspectiva mudou. Assumimos o desafio de criar um clube do livro. Em um primeiro momento, participamos de um edital para compra de livros, mas infelizmente não fomos contemplados. Decidimos iniciar a ação ainda assim, por isso surgiu a parceria entre as escolas do núcleo 1 do Pibid, além da escola já citada, fazem parte também E.E.E.M. Luiz Maria Ferraz – CIEP e E.E.E.B. Prof. Justino Costa Quintana. Com a parceria, será possível a troca de livros entre as escolas, o que amplia as possibilidades de leitura. 

A primeira etapa da constituição do clube foi a construção de um acervo compartilhado entre as escolas. Em seguida, houve a etapa de leitura das obras para a escolha e planejamento. E assim, optamos por trabalhar  duas obras: “Fanzineiros”, de Breno Fernandes e “Devezenquandário de Leila Rosa  Canguçu”, de Lourenço Cazarré. As obras estão sendo trabalhadas em turmas de oitavo e nono anos, respectivamente.  A etapa inicial de planejamento das obras foi muito semelhante, até que as obras começaram a ser trabalhadas de fato com as turmas e percebemos que os caminhos seriam diversos. 

Cada turma trabalhou com uma obra diferente por considerarmos os interesses dos alunos de cada turma.  A turma do oitavo ano, que trabalha com fanzineiros, é uma turma que precisava refletir sobre bullying, tema recorrente no livro. Já no nono ano, as temáticas estão mais voltadas às descobertas da adolescência, tema pertinente para a turma em questão e que discutimos através dos questionamentos da personagem Leila Rosa. 

Além das obras diferentes, cada turma conta com bolsistas diferentes, que ao planejarem detalhadamente exerceram seu protagonismo, sua autoria, e, assim, estratégias de leitura diferentes surgiram. Ao observar o perfil das turmas, foi possível verificar uma resistência da turma do oitavo quanto à leitura fora da sala de aula, então optou-se por ler em voz alta com  todos acompanhando a leitura. Já na outra turma, se trabalhou com leitura prévia, seleção de trechos e posterior discussão. O oitavo ano se mostrou receptivo em relação às perguntas, respondendo questionamentos feitos pelas bolsistas, trazendo exemplos pessoais. Já a turma do nono, tende a não responder às perguntas, prefere a leitura de trechos e discussão, e assim, consegue se colocar pessoalmente, traçando paralelos entre sua vida e a vida dos personagens que acompanhamos. 

O clube de leitura também objetiva trabalhar com produções realizadas pelos alunos a partir das leituras e neste aspecto, as estratégias utilizadas também foram diversificadas. No oitavo, as produções acontecem em paralelo a leitura, enquanto leram produziram uma carta, por exemplo. Já na turma do nono, as produções irão acontecer ao término do livro completo, resultando em uma exposição inspirada na personagem Leila Rosa. 

Como professora regente das turmas, já esperava os caminhos diversos que iriam traçar, mas é fundamental perceber que os bolsistas do Pibid se mostraram sensíveis a essas diferenças. Essa experiência, os enriquece como futuros docentes e os faz refletir sobre os diferentes contextos. Ainda que na mesma escola, as necessidades, as dificuldades, os desafios e os anseios são diversificados, e o professor precisa estar atento para que possa constituir um clube do livro ou ministrar suas aulas da melhor maneira possível. 

Fotos por: Flávia Azambuja

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