Ano 12 Nº 071/2024 – 30 linhas de reflexões sobre 30 anos de vida
Por Willians Barbosa
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Dizem que 30 é a idade do sucesso. Nada mais pode estar tão longe da verdade. Será que, algum dia, já experimentei o gosto do sucesso? Talvez de vitórias, sim – mas ”sucesso” está longe do escopo de sensações que já senti. E se algum dia vou sentir, não sei, mas parece altamente improvável. Não me soa triste afirmar isso. Tenho orgulho de não ter ideias firmes, ter ideais até questionáveis, nem ter certezas fixas. Tudo pode ser, como pode não ser. Deus existe? Não sei. E isso não é falta de fé. Pelo contrário, sou aberto às possibilidades. Particularmente, no momento, sou propenso a acreditar que somos frutos do total acaso da criação. Temos sorte de estarmos em um pedacinho do universo que, por acaso, tem a união dos elementos necessários para a nossa vida.
Fracassos, sim, eu já os tenho colecionados. E não, não é auto condescendência. Na verdade, fracassos talvez não seja o termo certo a se usar. Tenho experiências as quais duraram pouco, longe da ideia de durabilidade que a ideia de sucesso evoca. Experiências essas cujos ciclos se fecharam rápido, que terminaram poucas temporadas depois: empregos, amizades, hobbies, sentimentos. Acredito que demoram a se fechar justamente aqueles ciclos dolorosos, que pedem uma boa dose de coragem para se cortar. Hoje mesmo, cortei um ciclo de mais de uma década e, apesar de ter doído a forma como se fechou, tenho certeza que, quando eu deitar minha cabeça no travesseiro, vou suspirar aliviado.
Mas, o que seria importante registrar aqui? Não quero parecer pessoalista demais e creio que não serei. Sucessos, fracassos, o que mais seria universal nesse ponto da vida? Será que aquela evocação de uma montanha a ser escalada por nós seria exata pra ilustrar a nossa existência e experiência nesse universo? Talvez não. Eu veria a vida mais como um labirinto a ser explorado e nós, como ratos presos, às vezes andando em círculos (hábitos, vícios), às vezes encontrando em um cantinho um pedaço de queijo com o qual nos deliciamos – nessas ocasiões, damos crédito à sorte, a Deus ou ao acaso. Sim, somos ratos, estamos presos nesse simulacro e sabemos que não possuímos capacidade para entender o que há além das paredes desse labirinto.
Para finalizar, acho que devo voltar o olhar ao futuro. O que ele me reserva, na condição de humano nesse planeta, experenciando coisas cujo controle está fora do meu alcance? Parece-me que a vida é apenas uma sinfonia agridoce, que temos a oportunidade de prová-la em cada uma de suas nuances.
Willians Barbosa é jornalista formado pelo Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp), especialista em Artes pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), com MBA em Jornalismo Digital. Atualmente, cursa Letras pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa).