Ano 11 Nº 075/2023 – Como o feminismo é visto hoje em dia e qual a sua importância

Por Andriele Zanatto 

Segundo o dicionário Aurélio, feminismo é o sistema dos que preconizam as implicações legais dos direitos civis e políticos da mulher ou a igualdade dos direitos dela aos do homem. Grande parte da sociedade de hoje ainda enxerga o feminismo como algo que corresponde ao inverso do machismo, como um modo de competição entre homens e mulheres. É um movimento incompreendido, muito por falta de estudos sobre o assunto, inclusive, por boa parte das próprias mulheres, é tido até mesmo como uma “doença da sociedade”, sendo piada para muitos, mas o conceito real do movimento é o oposto.

     O feminismo é um movimento político, de ideologias sociais e filosóficas, que busca exatamente a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, libertação de padrões patriarcais, motivadas pelas normas de gênero, busca por salários igualitários, luta para combater a violência contra a mulher, direito ao aborto seguro, a educação dada para meninos e meninas,  rompendo estereótipos de que mulher serve apenas para ser dona de casa e cumprir afazeres domésticos. Acredita-se que não exista atividade  laboral para homem ou mulher, o indivíduo em si pode ser capaz de escolher fazer aquilo que lhe der vontade e receber o mesmo salário pelas mesmas funções, entre outros. Não é pedir muito, apenas o básico: igualdade.

Atualmente, nas redes sociais, temos acesso a inúmeros conteúdos ridicularizando o feminismo, como vídeos e shows de stand up ditos engraçados, onde a mulher é ridicularizada e diminuída apenas aos estereótipos de submissa e empregada do marido e dos filhos. Contam estes, com muitas curtidas, compartilhamentos e visualizações, podendo até ser engraçados, porém, prejudica grandemente um movimento que se faz extremamente necessário.

O problema continua sendo o machismo estrutural que perpetua há séculos e continua sendo muito difícil reverter, já que está enraizado na sociedade como um todo.  Aprendemos quando criança o que são as brincadeiras para meninos, que não podem brincar de boneca, e quais são para meninas, que não podem brincar com carrinho. Meninas são sempre mais cobradas desde a infância, por exemplo: como devem se sentar, como se comportar na presença de meninos e homens, não vestir roupas que mostram demais o corpo porque pode chamar atenção, não andar sozinha à noite e por aí vai. Já os meninos não são ensinados a como tratar as mulheres, como realizar atividades domésticas e não são cobrados com tamanha rigidez. Esses costumes são passados de gerações, os pais de hoje tiveram essa mesma educação, e é a que passam para seus filhos e isso se segue sucessivamente. 

Imagine uma mulher que acaba de sofrer um abuso e tem que passar por inúmeros constrangimentos, responder com que roupa estava vestida naquele momento, como se esse fosse o motivo da violência sofrida, onde estava e em qual horário, são culpadas pela sociedade e julgadas. Inclusive ter que ouvir da própria mãe que “isso é normal, todas as mulheres irão passar por isso algum dia.”  

Isso precisa ser combatido, por isso o movimento conta com pessoas que estão dispostas a mudar essa realidade tão pesada para o sexo feminino. O pai deve ter atitudes de pai, cuidar do filho doente ou trocar uma fralda não é um favor, é o dever de pai. Ajudar nas tarefas de casa não é um favor, é uma obrigação, já que ele também mora e usufrui do mesmo ambiente. Por que uma mulher que realiza as mesmas atividades, nos mesmos cargos, recebe menos por ser mulher? A única resposta está no fato de que quem está por trás disso, tenha um pensamento equivocado de que mulheres são menos capazes.

A misoginia é o preconceito, ódio, aversão e desprezo contra as mulheres. Há ainda o feminicídio, que é quando uma mulher é morta simplesmente pelo fato de ser mulher. Não é justo que um gênero sexual seja menos respeitado do que outro. O respeito, a educação, o direito de andar sozinha à noite sem medo, usar a roupa que quiser, de tomar suas próprias decisões e ser dona de seu corpo e de sua vida, devem ser igualmente dados a todos. Não apenas porque os homens devem pensar em suas filhas, mães ou esposas, mas independente disso, em mulheres desconhecidas, em respeito ao ser humano em geral.

Na perspectiva desta autora, o feminismo ainda se faz muito necessário, uma vez que existem muitas desigualdades entre gêneros. Apesar da dificuldade de grande parte da sociedade de entender a causa, e até mesmo de algumas mulheres que talvez o use de forma que o prejudique, vemos e sentimos as injustiças causadas pelo patriarcado. Precisamos lutar por direitos, assim como, mulheres feministas lutaram para que agora possamos ter mais voz na sociedade, ter direito ao voto, ter oportunidade de estudar, de tomar nossas próprias decisões, assim como, escrever este texto de opinião.

“Não se pode, com facilidade, inserir as mulheres numa estrutura que já está codificada como masculina: é preciso mudar a estrutura.” Mary Beard

“Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre.” Simone de Beauvoir

Andriele Zanatto é graduanda em Letras – Português e Literatura, na Universidade Federal do Pampa (Unipampa) – Campus Bagé, RS. Atualmente, bolsista no Programa de Educação Tutorial (PET – Letras).

“Esta é a coluna do PET-Letras, Programa de Educação Tutorial do curso de Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa, do campus Bagé. O programa, financiado pelo FNDE/MEC, visa fornecer aos seus bolsistas uma formação ampla que contemple não apenas uma formação acadêmica qualificada como também uma formação cidadã no sentido de formar sujeitos responsáveis por seu papel social na transformação da realidade nacional. Com essa filosofia é que o PET desenvolve projetos e ações nos eixos de pesquisa, ensino e extensão. Nessa coluna, você lerá textos produzidos pelos petianos que registram suas reflexões acerca de temas gerados e debatidos a partir das ações desenvolvidas pelo grupo. Esperamos que apreciem nossa coluna. Boa leitura”.   

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