Ano 08 nº 020/2020 – A força das mulheres que se conectam / Taiza Fonseca

image2Olá, gente!

É muito bom estar de volta neste espaço para conversar com vocês!

No domingo, dia 8 de março, no Dia Internacional da Mulher, participei de um evento que ocorreu na Bando Coletivo Criativo que ganhou o nome de ‘Virada Cultural Feminista’ que foi organizado pelo grupo de estudos  GEFEM da professora do curso de Línguas Adicionais da Unipampa, Fabi Lazzares, nesse domingo, em específico, fez parte da extensa grade de atividades, a roda de conversa ‘’Conto sem Fadas: Retalhos de memórias’’ e os desafios das mulheres no século XX, essa roda de conversa organizada pela professora de Licenciatura em Português, Vera Medeiros, teve enquanto convidadas as mulheres do grupo Renascer da Terceira Idade, que é um grupo de mulheres formado na cidade de Bagé que começaram a se reunir e contar suas histórias de vida, essas reuniões culminaram em produções escritas de suas histórias e pensamentos, a produção de um Almanaque mensal, que já ganhou dois prêmios do Ministério da Cultura em 2018, e duas obras literárias, onde uma delas se tornará documentário, que seria o ‘’Conto sem fadas’’ produzido pelo grupo, o outro título ‘’Só me falta a Lua’’ escrito por Lia Paz, uma das mulheres que integram o Renascer.
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(Roda de conversa: Conto sem fadas.)

 

Participar dessa roda me trouxe inúmeras reflexões, principalmente pelas histórias que essas mulheres nos contam, desde o contexto dos anos 60 até a atualidade, histórias vividas por elas, como no período da Ditadura Militar no Brasil quando ocorreu a queimada de livros e revistas consideradas subversivas, uma das convidadas conta que sua casa foi invadida, seus móveis foram quebrados e rasgados durante a busca e luta que os militares travaram contra o conhecimento; Outra convidada nos conta que, durante esse período, ela era professora e morava a muitos quilômetros da escola em que trabalhava e que por isso tinha de ir a cavalo para o local de trabalho, e para que isso fosse possível tinha de usar calças, entretanto, ela tinha de portar um documento emitido pela prefeitura autorizando que devido as condições ela poderia usar calças, além disso, as aulas dela também deveriam ser previamente aprovadas e observadas durante sua aplicação; Outros relatos foram dados sobre as violências que essas mulheres sofreram durante a vida, como apanhar do marido, serem obrigadas a se casar, proibições de ocupar o mercado de trabalho… Todas essas histórias podem ser encontradas no livro que foi produzido por elas.

Uma das coisas que me emocionaram durante a atividade foi o valor que elas deram para o compartilhamento dessas histórias entre elas, pois, de acordo com uma dessas mulheres, antes dessa união elas pensavam que essas violências diárias que sofriam eram comuns, entretanto, após os encontros elas puderam perceber e encontrar a força que precisavam para resistir e ir continuar caminhando.

E essa força me foi transmitida e percebi o quão nós mulheres somos conectadas pelas experiências de vida que é comum a uma mulher passar, e como nós somos ligadas pelas histórias que contamos. Crescendo quando me sentia derrubada pelas situações de assédio que passei sempre encontrei alento ao ouvir as histórias de minha mãe, e encontrava nela a resiliência que precisava para seguir em frente, e foram através dessas histórias que me senti ainda mais conectada a ela, e à medida que fui crescendo e experimentando a vida, fui percebendo que minhas vivências se conectam às dela, mas com uma diferença importante: eu sabia reagir diante dessas situações, pois ela ao me contar também me ensinava a reagir e a ser forte.

Vocês mulheres também sentem essa conexão com outras mulheres? Conexões de amor, cuidado e fortalecimento? Porque eu, particularmente, penso que é mais fácil de viver quando a gente divide nossas dores e alegrias com outras mulheres. Quanto mais me conecto, mais me fortaleço. Empieza el matriarcado e até nosso próximo encontro!

Taiza da Hora Fonseca é Acadêmica do curso de Letras Português e Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade Federal do Pampa, fez parte do Diretório Acadêmico de Letras no período de 2015 a 2017 e participou como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) no período de 2016 a 2018. Atualmente faz parte do Movimento Estudantil da Universidade e seus interesses são: Temas Transversais, Política e Movimentos Sociais, Literatura, Poesia e Arte.

 


 

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