Ano 04 nº 081/2016 – Precisamos falar sobre orientação sexual nas escolas, sim!
Jeferson Ferreira Borges
Ser gay não é uma opção, nem mesmo uma escolha. Segundo estudos da Universidade da Califórnia, a homossexualidade está ligada a fatores genéticos e hormonais, tendo em vista que estes fatores são inerentes à escolha é impossível escolher ser homossexual ou não. Em 2015, o Disque 100 recebeu quase 2 mil denúncias de agressões com teor homofóbico, e no ano de 2016, a cada 28 horas, um homossexual morre de forma violenta no país. Portanto, racionalmente ninguém gostaria de representar tais índices.
Pode-se entender a homofobia como uma forma de preconceito, já que o agressor tenta pôr o homossexual em uma condição de anormalidade, baseando-se em uma lógica heteronormativa, situação na qual a heterossexualidade seria o padrão.
Em estudos feitos por universidades americanas e britânicas foi constatado que a homofobia é mais comum em pessoas com desejos retraídos pelo mesmo sexo. Segundo cientistas, os homofóbicos são, em grande parte, indivíduos que estão em conflito consigo mesmo e acabam liberando tal sentimento de forma agressiva. Muitas vezes essas pessoas vivem em casas com famílias controladoras e sentem medo de perder o amor e aprovação dos pais, caso os mesmos descubram a sua atração pelo mesmo sexo.
(Fonte:http://1.bp.blogspot.com/-jW4yWxQlTU0/VHKK_NSU72I/AAAAAAAADqg/Zp3x1xZ8kSM/s1600/homofobia63.jpg)
“A homofobia é a expressão de uma intolerância que aprende-se, seja nas escolas, nas igrejas ou em casa, como por exemplo, um pai que anda com seu filho no carro, de repente ele é cortado por um veículo, a primeira coisa feita pelo pai é chamar o outro motorista de ‘viado’, então a criança já associa tal expressão com algo ruim”- Afirma Dimitri Nascimento Sales, Advogado especializado em direitos humanos, escritor da tese Diversidade sexual, proteção constitucional e controle de convencionalidade.
A escola é um dos espaços adequados para tratar de orientação sexual, visto que, tal instituição é um ambiente político onde as crianças e adolescentes experimentam a sociedade, aprendendo a conviver, entendendo direitos e deveres, conhecendo as diferenças uns dos outros. Quando um tema tão presente na sociedade é ignorado em sala de aula, prejudica não só os alunos que ficarão sem base no assunto, mas também a sociedade que receberá uma parcela de preconceituosos no futuro, que poderiam não ser, se não ocorresse esta abstenção do debate.
A orientação sexual é uma realidade que os alunos terão que lidar na vida, mais cedo ou mais tarde, e preparar os discentes para o futuro é função da escola. Quando a mesma priva-se de discutir o tema, gera possíveis danos psicológicos pósteros naqueles que acabarem descobrindo-se em uma situação em que terão que lidar com isso pessoalmente, consequentemente estaria contrariando um de seus princípios base, a preparação.
Mesmo sendo um tema importante, ainda é delicado de ser tratado devido à normatividade sexual, que tenta criar um esteriótipo de normalidade, ideia pregada por entidades conservadoras. A longo prazo, se não tratado de forma correta, acarretará em danos sociais, criando seres humanos cada vez mais distantes, ato justificado por meio do preconceito, resultante da falta de informação sobre o assunto.
Grupo em choque após ataque a boate em Orlando (Foto: Steve Nesius/Reuters)
Dentro de uma das maiores boates LGBT da cidade de Orlando, aconteceu um caso que mostra o extremismo onde a homofobia pode chegar. Um homem portando um rifle AR calibre .223 e uma pistola 9mm semiautomática, abriu fogo contra os convidados, deixando 50 mortos e cerca de 53 feridos. O pai do atirador afirmou que seu filho ficou transtornado, há alguns meses, quando viu dois homens se beijando durante uma viagem a Miami, deixando claro que foi um crime de ódio.
Homenagem às vítimas do atentado de Orlando (Fonte: Google)
A homofobia e a agressividade podem ser fruto de quem se identifica com a comunidade LGBT, mas não aceita o fato.
Tratar desse conteúdo dentro de instituições de ensino fará com que as crianças que se identificarem, aceitem-se de uma forma natural e saudável, e as que não, compreendam sobre o assunto respeitando as diferenças. A questão da orientação sexual deve sim ser discutida por todos, nas escolas e em casa, isso é tratar de direitos humanos, na busca pela igualdade, união e respeito para toda sociedade.
Fontes: