Coluna da Taiza

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Por Taiza Fonseca

Da literatura à sétima arte: 5 séries protagonizadas por & para mulheres, e que você não pode perder.

 

2017 foi um ano e tanto para as novas plataformas de streaming. Com o aumento de telespectadores ávidos por novos conteúdos, tais empresas passaram a lançar suas próprias produções cinematográficas, muitas dessas novas narrativas baseando-se em livros literários.

Além disso, 2017 foi o ano marcado pelas mulheres na TV (ou streaming), nos apresentando histórias sobre mulheres e para mulheres trazendo reflexões e nos mostrando que a literatura e cinematografia desnudam tabus, uma linha tênue entre realidade e ficção. Para isso, listei 5 séries lançadas no ano de 2017 que você simplesmente não pode perder.

#5 Alias Grace, Netflix

Alias Grace ou Vulgo Grace, minissérie lançada pela Netflix no ano de 2017, é uma produção construída em seis episódios de tirar o fôlego. Baseada no livro homônimo escrito por Margaret Atwood, foi dirigida por Mary Harron, escrita e adaptada por Sarah Polley e pela própria autora do livro Atwood. A série conta a história da jovem Grace Marks, uma imigrante irlandesa que junto de sua família decidem tentar a vida em outro país, no Canadá, por meados de 1840. Contratada para trabalhar como empregada doméstica em um novo país, o que a personagem não imaginava é que o seu futuro poderia vir a mudar radicalmente quando é condenada pelo assassinato de seu patrão e a governanta da casa. Passados 16 anos do encarceramento da imigrante, o psiquiatra Simon Jordan, tenta decidir se Grace deve ser perdoada pelo crime alegando insanidade, o que viria a desencadear diversos questionamentos sobre o que aconteceu no fatídico dia do brutal assassinato.

A série é recheada de paisagens lindas, tem uma profundidade inteligente e justifica a obra em que se inspira. Com a interpretação incrível da atriz Sarah Gadon, vemos uma personagem cheia de camadas em uma construção melancólica, chamando a atenção para diversos debates ao longo de sua narrativa bem como a falta de compreensão sobre problemas mentais, a moral vitoriana da época histórica inserida em uma sociedade patriarcal e desigual, a ausência e vulnerabilidade dos direitos das mulheres. Vale à pena conferir!

“Penso em tudo o que foi escrito a meu respeito – que sou um demônio desumano, uma vítima inocente de um canalha, forçada contra a minha vontade e com a própria vida em risco, que eu era ignorante demais para saber como agir e que me enforcar seria um crime judiciário, que eu gosto de animais, que sou muito bonita, com uma pele radiante, que tenho olhos azuis, que tenho olhos verdes, que meus cabelos são ruivos e também que são castanhos, que sou alta e também de estatura mediana, que me visto com propriedade e decência, que para isso roubei uma mulher morta, que sou ligeira e esperta em meu trabalho, que tenho má índole e um temperamento genioso, que tenho a aparência de uma pessoa acima da minha humilde condição social, que sou uma pessoa dócil, de natureza afável, de quem nunca ninguém se queixou, que sou astuta e insidiosa, que sou fraca da cabeça, quase uma retardada. E eu me pergunto: como posso ser todas essas coisas distintas ao mesmo tempo?” (Trecho da série)

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(Foto: Alias Grace, Netflix)

#4 The Sinner (1° temporada), Netflix

A primeira temporada de The sinner foi lançada em meados de 2017. Já possui sua segunda temporada lançada, mas para essa lista indico a primeira temporada. O suspense apresentado pela plataforma Netflix nos traz uma narrativa baseada no livro da autora Petra Hammesfahr que leva o mesmo nome. Uma das coisas que me chamou atenção na condução dessa história é a forma como ela é contada. Nessa série temos uma mulher protagonista, Cora, que é casada, tem um filho e aparentemente vive uma vida tranquila com seu marido, apesar de ela parecer um pouco distante. Para indicação dessa série, o arco da história não pode ser muito revelado para que o próprio espectador desvele o fio de sua meada, portando entrego a sua premissa: normalmente em narrativas em que existem casos de assassinato, queremos saber quem é o assassino; em The sinner esses papéis são invertidos. Já no primeiro episódio, nos deparamos com a cena chocante de assassinato em público (o que não é uma cena gratuita de violência) e é aí que as coisas começam a se complicar. Em oito episódios a série vai passar a desvendar o porquê do assassinato e uma grande teia de questões e traumas começa a surgir impactando tanto a personagem quando o telespectador. Curioso, não?

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(Foto: The Sinner, Netflix)

#3 Anne With An E, Netflix

Sem dúvida essa é uma série para encher o peito de alegria. De autoria da escritora Lucy Maud Montgomery e publicada em 1908, o livro Anne of Green Gables já foi adaptado inúmeras vezes para versões cinematográficas, mas obviamente a Netflix não perderia a oportunidade de fazer a sua própria versão intitulada Anne With An E – e que grande alegria assistir tão bela produção. A obra original já foi traduzida para mais de 20 idiomas e agora está a alguns cliques de distância na plataforma de streaming. Nessa história iremos conhecer a órfã Anne Shirley, enviada por engano para a fazenda de dois irmãos, Matthew e Marilla Cuthbert. Os sete episódios que compõem a primeira temporada da série irão narrar as aventuras e desventuras de Anne, que perdeu os pais ainda quando era bebê. Desde então, vivia sendo enviada de orfanatos para lares que não a desejavam como parte da família, mas apenas como empregada doméstica, quando um engano acontece e ela é enviada para os CuthBert’s, que esperavam receber um menino para os afazeres da fazenda, o que acaba gerando uma série de conflitos para a pequena, que enfrenta toda situação da forma mais criativa e corajosa. Sua caminhada apenas começou, em uma jornada recheada de imaginação, tornando a vida (e suas tristezas) mais belas.

“Não é esplêndido pensar em todas as coisas que existem para serem descobertas? Isso me faz sentir alegria em estar viva; é um mundo tão interessante!”  (Trecho da série)

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(Foto: Anne With An E, Netflix)

#2 Big Little Lies, HBO

Mais uma série, dessa vez para a plataforma de TV, baseada em uma obra literária. Pequenas Grandes Mentiras, romance da australiana Liana Moriarty que foi lançado em 2014, agora é contado na perspectiva cinematográfica. Estrelado por grandes nomes, como Nicole Kidman, Zoe Kravitz, Reese Witherspoon, a narrativa explora com muita responsabilidade a complexidade de temas que muitas vezes são difíceis, tais como: os desafios da maternidade, o bullying escolar, estupro e violência doméstica; Ao longo de sete episódios nos deparamos com histórias de mulheres contadas por mulheres, acompanhamos o arco de algumas famílias e suas vidas, mostrando que muitas vezes uma vida perfeita é uma mentira bem construída, enquanto seguimos o cotidiano de cinco personagens, iremos nos aprofundando em suas complexidades, traumas e laços.

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(Foto:  Big Little Lies, HBO)

#1 The Handmaid’s Tale, Hulu

A primeira da lista, The Handmaid’s Tale ou O conto de Aia, teve sua primeira temporada lançada em 2017. Série adaptada da grande obra da autora Margaret Atwood, já mencionada na lista, foi um dos grandes lançamentos do ano e muito esperado pelos leitores do livro. A premissa da série nos apresenta um futuro distópico, em que os Estados Unidos havia sofrido um golpe e em seu lugar foi criada uma nação que viria a ser chamada de Gilead, um lugar onde a adoração religiosa prometia ser a salvação do mundo. Para que essa nova sociedade pudesse funcionar, homens e mulheres teriam de assumir os seus ‘’deveres’’, mas apenas uma das partes fez isso voluntariamente. Adivinha quem teve de se submeter? Isso mesmo! As mulheres. Em uma crise de fertilidade no mundo e com os níveis tóxicos no solo aumentando drasticamente, mulheres dentro dessa nova sociedade passam a perder todos seus direitos, até mesmo os mais básicos e uma série de novas regras se instituem dentro desse regime totalitário: mulheres não poderão mais trabalhar, não terão contas bancárias; nessa nova sociedade religiosa, as mulheres passam a ser divididas em ‘’castas’’, as mulheres dos Comandantes (os que criaram esse novo modelo de regime); as Martas, que seriam mulheres inférteis que são destinadas ao trabalho doméstico; as Aias, que seriam as mulheres férteis e que ocupariam uma posição dentro da sociedade: dar a luz a bebês em famílias poderosas; e as Tias, responsáveis por torturar e obrigar essas mulheres a cumprirem esse papel.

“Eu sei que isso deve parecer muito estranho. Mas ‘normal’ é somente aquilo a que você está acostumada. Isso pode não parecer normal para vocês agora, mas depois de algum tempo será. Isso vai se tornar normal.” – Tia Lydia (Ann Dowd)

Tanto o livro quanto a série retratam discussões e situações relevantes para a atualidade, inclusive podem ser considerados um tanto verossímil em alguns aspectos.

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(Foto: The Handmaid’s Tale, Hulu)

Uma coisa que todas essas indicações têm em comum: todas as narrativas apresentadas na série foram adaptações da literatura, livros escritos por mulheres e que também valem a indicação!

Qual é a sua lista de #5 séries mais relevantes protagonizadas por mulheres? Até o próximo encontro! :*

Taiza da Hora Fonseca é Acadêmica do curso de Letras Português e Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade Federal do Pampa, fez parte do Diretório Acadêmico de Letras no período de 2015 a 2017 e participou como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) no período de 2016 a 2018. Atualmente faz parte do Movimento Estudantil da Universidade e seus interesses são: Temas Transversais, Política e Movimentos Sociais, Literatura, Poesia e Arte.

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