Uma reflexão: Violência contra pessoas LGBT’s no Brasil, uma realidade.

texto taizaPor Taiza da Hora Fonseca

No ano de 2017, 445 pessoas foram mortas em crimes motivados por LGBTfobia no Brasil, isso significa que, a cada 19 horas, uma pessoa LGBTT (Lésbica, Gay, Bissexual, Transexual e Travesti) tem sua vida interrompida por crime de ódio. De acordo com os dados coletados pelo grupo GGB – Grupo Gay da Bahia, os números de mortes em relação a 2016 cresceram em 30%, de acordo com essa pesquisa efetuada em 2017, 90% dos casos são crimes contra pessoas transexuais, ou seja, a cada 48 horas uma pessoa trans é assassinada no Brasil.

Começo este texto atentando para as estatísticas e para falar a respeito de Matheus Passareli, mais conhecida como Matheusa, negro, nãobinário – quando uma pessoa não se identifica como gênero masculino e feminino – e estudante de Artes da UERJ, foi o primeiro de sua família a entrar em uma Universidade e com apenas 21 anos foi executado e queimado em uma favela no Rio de Janeiro. O Brasil é um dos países onde mais ocorrem crimes motivados por ódio e, tendo em vista esta realidade, cabe a nós questionarmos as leis vigentes ou a falta delas no que diz respeito à proteção e às políticas públicas voltadas para pessoas LGBT’s. Além de questionarmos o fato de a LGBTfobia ainda não ser considerada crime, mesmo que as estatísticas nos apontem a vulnerabilidade destas pessoas. Uma das problemáticas que também enfrentamos é o fato de que a sociedade brasileira tem como natural o discurso de repúdio contra pessoas que não seguem o sistema normativo posto – a heteronormatividade. Bem como existe certa “aversão” a todos aqueles que fogem da norma sexual e de gênero posta, o que acaba por colocá-los como anormais. Infelizmente no Brasil, no sentido macro, devido a construção social conservadora ainda se pensa normal existir projetos de leis que visam a cura LGBT, como se a naturalidade, aquilo com que se nasce como desejos, anseios, identidades fossem uma doença em que um tratamento pudesse “curar’’ essa questão. Obviamente este é um problema que atinge diversos segmentos sociais, inclusive a educação. Em 2015 os Planos Municipais de Educação estavam em fase de aprovação, nas Câmaras de Vereadores de todo país, no Rio grande do Sul, em quase todas as cidades, exceto Pelotas, negou-se as metas que propunham discutir questões de gênero, sexualidade, diversidade e LGBTfobia, o que foi, de fato, uma grande perda para os defensores das minorias e um avanço enorme ao conservadorismo. Afinal, discutir questões como estas dentro das escolas é conscientizar os jovens sobre a diversidade, o respeito, a empatia e, principalmente, no que se refere ao não preconceito, pois tais temáticas são importantes para erradicarmos não só a violência, mas também a perpetuação do discurso de ódio no país, possibilitando a formação de um cidadão preparado para conviver em sociedade.

Proponho, por fim, esta reflexão a todos. Por mais empatia, lembremos Matheusa e todos outros e outras que diariamente sofrem. Nosso papel diário é intervir em situações de violência verbal e/ou física, educar e levar informações adiante, contribuindo para construções de naturalidade, de respeito. Não só isso, questionarmos o poder público, não nos calarmos, remarmos contra a maré e dessa forma mudar o sentido da corrente.

Foto e arte: Yuri Frazão e Gustavo Gontijo http://www.ggb.org.br/ – Grupo Gay da Bahia https://homofobiamata.wordpress.com/page/1/

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