Por todas elas

Flávia Azambuja

 

O caso de estupro coletivo no Rio de Janeiro trouxe a tona, o que para muitos não é novidade, um país extremamente machista.

Ouvi e li, infelizmente, muita gente falando sobre o passado da vítima, sobre ela estar no lugar errado e fazendo coisas erradas, a julgaram e a condenaram. Me senti julgada também, por toda vez que tive um amigo e que confiei nele por isso, e que era um estuprador em potencial, me senti julgada por confiar no meu ex-namorado que também era um estuprador em potencial, me senti julgada por andar sozinha a noite e poder dar de cara com um estuprador em potencial, me senti julgada por pegar carona com um colega que era um estuprador em potencial. Me senti julgada por tantas outras pequenas atitudes e, principalmente, me senti julgada e condenada pelo simples fato de ser mulher.

Por outro lado, nunca me senti tão acolhida, com iniciativas como: a campanha em redes socias “Não somos rivais”  e o evento “Por todas elas” que aconteceu em inúmeras cidades do país, assim como aqui em Bagé. A campanha nas redes, incentivas a nós mulheres, conversarmos, resolvermos possíveis problemas e principalmente não nos enxergarmos como rivais. Já o evento em Bagé, também surgiu nas redes sociais, Melissa Louçan  teve a ideia e recebeu apoio de muitas mulheres e de muitos homens também. Melissa ressaltou que a luta feminista é da mulher, mas chamou a atenção da importância dos homens estarem cientes da luta. Como Melissa, também me senti chocada com a imensidão de comentários negativos, mas iniciativas como a dela, me fazem ter esperança num futuro melhor pra as mulheres. E mais ainda por saber que essa ideia não vai morrer, as meninas envolvidas já pensam nas próximas atividades que serão realizadas.

Foto: Flávia Azambuja

Evento “Por todas elas Bagé” (Foto: Flávia Azambuja)

Por meio das campanhas, ouvi falar em um palavra nova para mim, sororidade, mas velha para muitos coletivos feministas. Sororidade que diz respeito a irmandade, a união, a aliança e a empatia entre mulheres. Espero que essa palavra se espalhe cada vez mais e que a Beatriz, a Maria, a Joana, a Letícia, a Caroline, a Pâmela, a Isabela, a Mariana, a Roberta, ou seja, TODAS, apesar de todo sofrimento, sintam-se tão acolhidas quanto me senti.

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