O que são Opções no mercado financeiro? Parte 3

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Imagem:  StellrWeb on Unsplash

Por Daniel Gaio

Anteriormente conhecemos as Puts e descobrimos as maneiras pelas quais é possível obter lucro ou prejuízo ao operar este tipo de ativo financeiro. Hoje vamos finalizar esta pequena sequência de posts, descobrindo como as Opções são representadas nas corretoras, onde efetivamente se realizam as operações de compra e venda. Veremos por fim os conceitos de moneyness e de volatilidade implícita.

Os códigos de negociações de Opções

Assim como as ações, as Opções também possuem um ticker de negociação, ele é composto por sete ou oito caracteres, cinco letras e dois ou três números. Esta estrutura indica qual o ativo-objeto (4 primeiros caracteres), sendo o mesmo ticker para negociação do ativo-objeto. Dois exemplos são PETR (Petrobras) e VALE (Vale) – a estrutura também indica se a Opção é de compra ou de venda e qual o mês de vencimento (5º caractere) e qual o preço de exercício ou strike (aqui variando entre 2 ou 3 caracteres). No entanto, este número pode divergir do preço de exercício real, visto que não é modificado quando o strike é alterado por grupamentos, bonificações, fracionamentos e outros eventos sobre o ativo-objeto. Para o 5º caractere, existe uma tabela com as informações referentes a cada letra.

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Descrição das partes do código de uma Opção. Fonte: [1]

Sobre o vencimento do contrato, este é indicado pelo quinto caractere que é uma letra e além de indicar qual o mês de vencimento, indica também se a Opção é de compra ou de venda, de acordo com a tabela abaixo.

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Tabela de vencimento de Opções. Fonte: [1]

O vencimento das Opções ocorre sempre na terceira segunda-feira de cada mês.

Moneyness

Este termo é usado para classificar o preço de uma Opção com relação ao preço do ativo-objeto, sendo três subdivisões, In the money (ITM), At the money (ATM) e Out the money (OTM).

Esses termos traduzidos significam o seguinte: In the money (ITM) é ‘Dentro do dinheiro’, ou seja, no caso de uma CALL, o preço de exercício (strike) da Opção será maior que o valor do ativo-objeto e no caso de uma PUT, o preço de exercício da Opção será menor que o do ativo-objeto. At the money (ATM) é ‘No dinheiro’ e, nesta situação, o preço de exercício da Opção é o mesmo do ativo-objeto. Porém, na realidade, o valor deve estar apenas na região do dinheiro, ou seja, o valor não precisa ser exatamente igual, podendo haver uma variação para baixo ou para cima. Por fim, Out the money (OTM) significa ‘Fora do dinheiro’, para uma CALL será quando o preço de exercício do ativo-objeto for menor que o preço da Opção e, se for uma PUT, o valor de exercício do ativo-objeto será maior que o valor da Opção.

As Opções In the money (ITM) se na data de exercício, ainda estiverem na categoria ITM sempre darão exercício, pois o strike será maior que o valor de mercado do ativo-objeto no caso de uma CALL, ou o strike será menor que o valor de mercado do ativo-objeto no caso de uma PUT, em ambos os casos levando a um lucro se houver exercício.

Exemplo

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Exemplo de classificação por Moneyness. Criado pelo autor com dados da plataforma OpLab coletados em 20 de abril de 2020.

Na linha 1, a Opção VALEE427 possui um valor de mercado que distancia do strike em 1,28 reais e, ainda assim, é classificada pela ferramenta como ‘No dinheiro’ ou no entorno do dinheiro. Na linha 2, a Opção está fora do dinheiro, pois naquele momento o preço de mercado está abaixo do valor de strike, o que tende a não haver exercício da Opção. Por fim, na linha 3, o strike é bem inferior ao valor atual do ativo no mercado, sendo uma situação que levaria ao exercício da Opção. Pois seria possível comprar o ativo por um valor menor que o de mercado, sendo a Opção classificada então como ‘Dentro do dinheiro’.

Volatilidade Implícita

Na verdade, existem dois tipos de volatilidade, a implícita e a histórica. Quanto mais fora do dinheiro (OTM) ou dentro do dinheiro (ITM) (ou seja, Opções que são outliers, aquelas com valores muito diferentes dos valores atuais de mercado), Opções nesta situação terão a volatilidade implícita maior e isso, por sua vez, vai gerar as curvas de smile (curva no gráfico, na forma de um sorriso), nos gráficos de volatilidade da Opção em questão.

 

A volatilidade histórica é um dos fatores (uma das variáveis de entrada) para a fórmula de black-scholes, que por sua vez estima o preço justo de uma Opção. O cálculo da volatilidade implícita é feito com a reversão do black-scholes, pegando o preço atual da Opção e considerando isso como sendo o seu preço justo. Em seguida, adiciona-se este preço justo na fórmula e isola-se a variável da volatilidade histórica, então calcula-se isso e obtém-se a volatilidade implícita. Volatilidade implícita é muito importante, podendo ser usada para compra e venda de volatilidade (especulação), quando ela estiver baixa deve-se comprar e quando estiver alta deve-se vender a Opção.

Outro comportamento observado é que a volatilidade sobe na queda do mercado e cai na subida do mercado. Então a volatilidade vai subir quando o mercado entrar em uma crise, pois em momentos de crise acontece uma grande incerteza a respeito dos próximos acontecimentos, enquanto que, num momento, onde não há crise os negócios se dão de forma mais racional e previsível, portanto com baixa volatilidade. À medida que o mercado for se recuperando da crise, a volatilidade tende a ir diminuindo.

Por fim …

Assim encerramos essa pequena série de três posts a respeito deste ativo financeiro que pode tanto servir de objeto de proteção (como um seguro) como também de objeto especulativo, podendo gerar lucros a partir de sua compra ou venda. Agora você conhece mais um pedacinho do mercado financeiro, mas fique atento, pois as Opções possuem alta volatilidade, sendo portanto de alto risco. Se você for um iniciante no mercado financeiro, aconselho que primeiro estude os assuntos “Renda fixa” e “Investimento em ações para longo prazo”, sobre os quais você poderá pôr a mão na massa e investir de verdade no mercado. Até a próxima : )

Referências

  1. ADVFN. Opções: Código Bovespa. Disponível em: https://br.advfn.com/investimentos/opcoes/codigo-bovespa. Acesso em: 17 abr. 2020.
  2. O QUE é ATM, ITM e OTM nas OPÇÕES? – Opções para Iniciantes. [s.i.]: Youtube, 2019. (9 min.), color. Legendado. Disponível em: https://youtu.be/dRLesPcTE54. Acesso em: 18 abr. 2020.
  3. XP INVESTIMENTOS. Compra e venda de Opções: Calls e Puts. Disponível em: https://institucional.xpi.com.br/investimentos/produtos-estruturados/Compra%20e%20Venda%20de%20Call%20e%20Put.pdf. Acesso em: 19 abr. 2020.
  4. ROXO, Luiz Fernando. O que é Volatilidade Implícita para o mercado de Opções? 2019. Disponível em: https://blog.luizfernandoroxo.com.br/volatilidade-implicita/. Acesso em: 21 abr. 2020.

 

Daniel, é estudante de Engenharia de Computação, sempre buscando aprender novas tecnologias! Valoriza a disciplina e organização juntamente com uma comunicação aberta para o desenvolvimento de projetos. Curioso e gosta de entender o porquê das coisas em detalhes.

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