O confinamento.


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                                                                       Imagem: Autora

Por Eduarda Paz Trindade

Não, não tenho tempo para me aborrecer. O tempo não sobra pra ler, ver filmes e séries, relaxar, dormir e nem para pensar sobre o futuro.

Sim, os dias assemelham-se, consomem-se na repetição de gestos rotineiros, em trabalho. Este, que é feito, sobretudo, fora de hora, quando seria, na verdade, tempo de descansar.

Os dias são feitos do cuidar,

tarefas diárias, sempre recomeçadas, essenciais ao bem-estar.

Cozinhar

almoços, lanches e jantares, lavar, estender, esfregar, aspirar,

arrumar

roupas, livros, camas, mesas, chão, cozinha e banheiro.

Por maior que seja, o espaço torna-se pequeno

quando dele quase nunca se sai.

Dias úteis tornam-se inúteis

se olharmos à produtividade,

mas intensos em termos de afetividade.

A comunicação tornou-se mais frequente com toda a gente.

Vídeo-chamadas, mensagens e fotografias enchem a memória do telefone e alimentam memórias futuras.

Ele está presente, não só nas notícias, mas em quase todas as conversas, nos pensamentos e no sono.

A toda hora, em qualquer lugar, há sempre qualquer coisa que para ele nos remete, a começar por esse confinamento.

 

Eduarda Paz Trindade, é acadêmica de Ciências Sociais (Bacharelado) – UFSM. Foi estagiária do 17° EIV (UFSM-2020). Atualmente participa dos grupos de estudos Desigualdades, Diferenças, Subcidadania e Políticas de Reconhecimento e do Sul Global (LabIS – UFSM). Faz parte do Grupo de Leitura e Prática Etnográfica: Etnografia em Tempos de Pandemia (UFSM). Participa do projeto de pesquisa: Reconfigurações no Sindicalismo e no Trabalho Rural (UFSM); é voluntária nos projetos de extensão: “SÓCIO-LÓGICAS”: Divulgação Científica da Sociologia na Plataforma YouTube (UFSM) e produtora de conteúdo do JUNIPAMPA – Bagé.

 

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