Coluna do Saulo

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Por Saulo Eich

Enfrentando o julgamento externo

 

A vida está cheia de pequenas armadilhas que nos sabotam a todo instante e, o mais curioso disso é que, somos nós mesmos quem colocamos esses obstáculos frente a nós. Parem e pensem em quantas vezes vocês se sentiram ou sentem, pessoas inadequadas por algum aspecto da aparência física; seja o cabelo, a estatura, a cor da pele, o peso, a aparência facial, seja o que for. E agora, tentem achar uma resposta pra essa pergunta aqui: “Quem fez vocês acreditarem que existe um padrão ideal de cabelo, de cor da pele, de peso corporal, de beleza?” Certamente a resposta que vocês irão encontrar é a de que foram as pessoas, a sociedade, o mundo. E de fato é. O mundo nos diz a todo momento quais são os padrões. E isso acontece por razões que vão desde interesses comerciais até aspectos mais aprofundados como o preconceito.

Essa mensagem externa quando recebida e repetida constantemente, na mídia, na opinião das pessoas, no comentário infeliz daquele amigo, cria um eco interno que repete o mesmo que o externo nos diz, ou seja, que os padrões são esses sendo ditados, repetidos e reforçados por aí. E, essa voz interna ecoa, vai tomando uma proporção tão significativa que, em dado momento já não conseguimos mais ouvir nada além daquilo o que ela está nos dizendo, fazendo com que, a essa altura, já nos sintamos pessoas inadequadas pelas características que possuímos. Nesse processo nasce um local, em caráter emocional, que nos projeta pra um sentimento de exclusão e nos afasta da noção de pertencimento aos grupos e espaços onde a gente está inserido.

Diante disso, é necessário que consigamos nos questionar se os pensamentos que estão nos privando de nos sentirmos confortáveis e acolhidos nas mais diversas situações estão realmente corretos. Essa é uma dica tão simples, mas se bem aplicada, “de ouro” na busca por nos livrarmos da prisão mental que o julgamento externo nos coloca: Jamais aceitar os pensamentos que produzem mal estar sem antes questionar cada um deles. A razão pra se fazer esse exercício de confrontarmos o que o pensamento nos dá como certo pode ser explicada pela grande possibilidade de que nossos pensamentos mais angustiantes estarem em parte ou às vezes até mesmo totalmente distorcidos e equivocados. E isso não sou eu apenas quem estou dizendo. A constatação de que nossas angústias estão profundamente ligadas a modelos errados de pensar sobre as situações é científica e muito explorada na área das abordagens contextuais, como a teoria cognitivo comportamental ou a comportamental dialética.

Uma segunda dica para lidarmos com situações onde o julgamento externo exerce uma pressão emocional muito grande sobre nós é mais comportamental e diz respeito aos pequenos enfrentamentos delas. Não é algo tão simples enfrentar o que nos gera medo, angústia ou desconforto, e por esse motivo uma sugestão válida é de que esses enfrentamentos sejam realizados de maneiras pontuais, passo a passo, sem o intuito de resolvermos todo o problema na primeira tentativa ou de forma integral, já de início. Por exemplo, se falar em público é difícil, podemos buscar, inicialmente, situações muito simples como, a cada ida na padaria, exercitar um diálogo rápido com o atendente ou, a cada ida ao banco, trocar uma ideia rápida com a pessoa que está na fila com a gente. E dessa forma podemos iniciar um processo de pequenos enfrentamentos possíveis com potencial para criar em nós melhores condições pra, posteriormente, darmos um novo passo, o de enfrentamentos que julgamos mais difíceis.

Por fim, em relação ao exercício de questionamento de pensamentos, existem alguns recursos simples pra se fazer isso. Para aqueles que se interessarem em saber quais são, me enviem um e-mail para sauloeich@hotmail.com que retorno explicando alguns deles, com o maior prazer!

Até o mês que vem.

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