Circus Horribilis Brasilis: a visão dos/as invisibilizados/as e das minorias políticas

Por Cesar Jacinto

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Imagem disponível em https://cebi.org.br/direitos-humanos/o-grito-que-se-faz-oracao-marcelo-barros/. Acesso: 16/03/2021.

Neste ano de 2021, completo dezesseis anos de escrita na forma de artigos para jornais. Meu foco sempre foi trabalhar com as palavras na perspectiva de uma escrita que ecoasse as vivências daqueles/as que, mesmo possuindo suas vozes, não tinham garantias de terem-nas escutadas ou, melhor, potencializadas. Minha trajetória no movimento social revelou que, além da militância nos segmentos da educação e da cultura, era necessário ocupar outros espaços e alcançar um público mais abrangente e não – ou pouco – conhecedor das pautas dos movimentos sociais e populares. É, então, nesse sentido, que, para celebrar esses 16 anos de luta, armado de palavras e ideias, apresentarei nesta coluna uma série de textos nos quais minha escrita assumirá as identidades dos/as historicamente discriminados/as na constituição historiográfica no nosso país, o Brasil. 

A ideia, para as próximas colunas, aqui, no junipampa.info, é articular uma escrita que dialogue com fatos e acontecimentos históricos, realizando uma espécie de releitura, traçando um contraponto a partir da história hegemônica, que valoriza o legado europeu/branco em detrimento das outras culturas formadoras do Brasil, ou seja, africanos/as e indígenas – cujos valores civilizatórios sempre foram desconsiderados ou desvalorizados. Nesta perspectiva, os heróis e as heroínas deste projeto de escrita serão aqueles/as que foram apagados/as, invisibilizados/as, injustiçados/as, desvalidos/as, desvalorizados/as. Apresentarei, portanto, uma abordagem que buscará subverter a ordem normativa da história escrita com H maiúsculo.

Inicialmente, estes artigos ocuparão este espaço com a frequência mensal costumeira; podendo, eventualmente, haver publicações quinzenais. A proposta de título para este projeto de escrita faz referência ao circo que, num primeiro momento, nos traz a ideia de diversão, de alegria; ao adicionar a palavra horribilis, delimito a palavra circus, que passa a significar um espaço onde acontecem ‘espetáculos’ que fazem uma minoria rir, a partir das tragédias vivenciadas pela maioria da população nas Terras Brasilis. Afinal, foi assim desde a invasão dos colonizadores portugueses em 1500. São esses horrores que, como canta Elza Soares, tornam a carne negra a mais barata do mercado, seja no genocídio da juventude negra, seja no acesso à saúde, seja na falta de políticas públicas para indígenas, dentre outras. 

Convido vocês, prezados/as leitores/as, a embarcarem nestas minhas – e urgentemente nossas – reflexões! 

Até o mês que vem!

*

César Jacinto é professor, graduado em Pedagogia pela UERGS, 

com especialização em Diversidade Cultural e Mestrado em Ensino pela Unipampa – Campus/Bagé-RS. Escritor, cronista e 

pesquisador da História e Cultura Afro-brasileira e militante do Movimento Negro.

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